
As catástrofes mais mortíferas foram o tremor de terra de janeiro passado no Haiti (222.570 mortos), a onda de calor e incêndios florestais no verão na Rússia (56 mil mortos) e o terremoto de abril na China (2,7 mil mortos). Os desastres mais onerosos foram o terremoto de fevereiro no Chile (US$ 30 bilhões e 520 mortos) e as inundações de julho em setembro no Paquistão (US$ 9,5 bilhões e 1.760 mortos). Nos países mais desenvolvidos, as catástrofes foram pouco mortíferas, mas muito onerosas e com graves consequências para as seguradoras.
A Europa Ocidental foi sacudida pela tempestade Xynthia em fevereiro (65 mortos; US$ 6,1 bilhões em gastos, um total assegurado em 50%), e os Estados Unidos, por tornados, que provocaram danos de US$ 4,7 bilhões (75% assegurados). Pedidos de cobertura de danos à propriedade por causa do vazamento de petróleo no Golfo do México são estimados em US$ 1 bilhão, embora o número seja incerto por causa da complexidade dos processos.
Se os furacões foram relativamente devastadores, o aquecimento dos oceanos, que já não pode ser explicado pelas oscilações naturais e sim pelo aquecimento climático, promete mais temporadas difíceis nos próximos anos. Um dos acontecimentos que mais chamaram a atenção da imprensa, a erupção do vulcão islandês Eyjafjallajökull em abril, paralisou o tráfego aéreo europeu durante semanas e acabou custando bilhões às companhias aéreas.
A seguradora Munich Re não pôde calcular ainda o custo das inundações recentes na Austrália. Muitos, porém, já preveem que os estragos cheguem aos bilhões de dólares australianos. As enchentes afetaram uma área com tamanho equivalente aos territórios de França e Alemanha somados e já inundaram 22 cidades. A primeira-ministra Julia Gillard declarou em entrevista que, quando a água descer, haverá muitos estragos em estradas, pontes, escolas e outras construções. “Nós não podemos calcular o quanto isso custará até que possamos ver o estrago. Nós teremos um impacto econômico, não há dúvida sobre isso.”
As enchentes forçaram muitas das maiores mineradoras – incluindo a BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo American – a pararem sua produção e cancelar entregas para clientes importantes. A mineração de carvão, o transporte e a exportação do minério são as principais fontes de renda do centro de Queensland, estado mais afetados pelas chuvas.
Ontem, militares começaram a levar suprimentos para cidades cobertas pelas águas. Milhares de moradores deixaram suas casas, e as chuvas afetaram cerca de 200 mil pessoas. Desde o final de novembro, 10 pessoas morreram na Austrália por causa das chuvas torrenciais e inundações. O nível das águas começou a baixar em algumas das áreas mais atingidas, no entorno de cidades como Emerald e Condamine. Mas moradores de Rockhampton, uma cidade de 75 mil pessoas, ainda enfrentavam sérios problemas, com a previsão de que o já inundado Rio Fitzroy suba mais até amanhã. O alerta de ciclone que vigorou no fim de semana foi suspenso, já que não há risco de atingir terra firme. Segundo Alistair Dawson, um alto dirigente da polícia de Queensland, as inundações podem durar ainda um mês, com alguns setores do Nordeste sofrendo o risco de isolamento.[2]
Além de lutar contra as enchentes, os moradores temem as cobras venenosas que buscam solo mais seco, além do risco de doenças trazidas pela água contaminada. O estado de Queensland já anunciou que atrasará sua revisão orçamentária do meio do ano para levar em conta o impacto das chuvas, o secretário estadual do Tesouro, Andrew Fraser. “Esta é uma grande catástrofe natural, e a recuperação levará um tempo significativo. Quando as águas baixarem, descobriremos muitos danos, mas evidentemente vamos trabalhar com o governo do estado (de Queensland) para reconstruir a infraestrutura local”, disse a primeira-ministra australiana.